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quarta-feira, abril 25, 2007

Pátria em comemoração do 25 de Abril

Nem de propósito, a mais recente adição à colecção de livros em língua portuguesa do sítio do Projecto Gutenberg, é uma peça de teatro "repleta" de patriotismo. Focada no descontentamento do povo face ao reinado vigente e ao rei, em que a «justiça é um relógio que êle atrasa, adianta ou faz parar, segundo lhe dá na vontade.»

Eis o que diz um doido (mais consciente do que muitos):

"O reino é podre... o rei é podre...
Oh, que fedor! oh, que fedor!
Quando a planta apodrece, a podridão
Germina em margaridas pelo chão...
Quando apodrece a carne, a sepultura
Touca-se de verdura...
Lepras e pus, chagas e cancros
Dão jasmineiros, dão lírios brancos...
Mas do reino e do rei apodrecido,
Oh, que fedor! oh, que fedor!... que tem nascido?
Mais podridões a fermentar,
Envenenando a terra, envenenando o ar.
A gente morreu toda envenenada...
É côr de sangue a lua, é de crepe a alvorada!...
Desfolharam-se os bosques pelos montes,
Há nas rochas gangrena, há peçonha nas fontes!
Destruíram-se os ninhos
E emigraram, chorando, os passarinhos!
Vivo, só eu fiquei neste monturo
De lôdo escuro!
O reino é podre... o rei é podre... tudo é podre...
Oh, que fedor! oh, que fedor!..."


Excerto da Cena XXI da obra Pátria de Guerra Junqueiro, disponível para leitura no sítio do Projecto Gutenberg. Esta obra foi revista pelos voluntários do Projecto Distributed Proofreaders.

Boas leituras.

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