A correspondência de Fradique Mendes
Aqui fica um excerto:
«O ministro, homem de poesia, e de eloquencia, interessára-se francamente por aquella mumia d'um «collega», e jurára logo poupar-lhe o opprobrio de ser tarifada como peixe salgado. S. exc.^a tinha mesmo ajuntado:--«Não, senhor! não, senhor! Ha de entrar livremente, com todas as honras devidas a um classico!» E logo de manhã Pentaour deixaria a Alfandega, de tipoia!
Fradique riu d'aquella designação de _classico_ dada a um hierogrammata do tempo de Ramèzes--e Vidigal, triumphante, abancando ao piano, entoou com ardor a _Grã-Duqueza_. Então eu, tomado estranhamente, sem razão, por um sentimento de inferioridade e de melancolia, estendi a mão para o chapéo. Fradique não me reteve; mas os dois passos com que me acompanhou no corredor, o seu sorriso e o seu _shake-hands_, foram perfeitos. Apenas na rua, desabafei:--«Que pedante!»»
Excerto da obra A correspondência de Fradique Mendes de Eça de Queirós, disponível para leitura no sítio do Projecto Gutenberg. Esta obra foi revista por 21 voluntários do Projecto Distributed Proofreaders.
Boas leituras.
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